quinta-feira, 11 de agosto de 2011

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"Querida,

sobre o amor, eu li e estou de acordo com a concepção de Proust. Vale a pena tirar uns meses para ler "Em busca do tempo perdido". Segundo o narrador de Proust, o amor começa com um processo de individualização pelos signos. O sujeito que ama reconhece, na pessoa amada, signos e a qualifica com base nos signos reconhecidos. Neste momento, acredita que o que faz ela ter aquele sentimento é a pessoa amada, mas o jovem Marcel terá uma série de desilusões amorosas e continuará amando outras mulheres (Gilbert, Albertina etc). Perceberá, em algum dos volumes, que o amor não era provocado por aquelas mulheres, mas por uma expressão do desejo, de forças que nos conduz a aumentar a nossa potência, se aprendemos a nos associar com essas forças. Todavia, o livro de Proust é muito mais grandioso, pois ele vai em busca dos signos da arte, da expressão do tempo puro. Signos/essências da arte que, segundo ele, nos faz perder o medo da morte. 
Só escrevi essas linhas para não enviar o email em branco. Acredito que elas pouco ajudem. Você mesma tem que fazer seus mergulhos. Vale a pena, antes, ler o livro "Proust e os Signos" de Gilles Deleuze (formidável).
Você já leu "O jardim de Veredas que se bifurcam"? É um conto pequeno.

Um abraço, querida."


[ ESPERANDO GODOT V ]

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