curso com Roberto Machado.
Junho 2011.
1º dia, anotações.
INTRODUÇÃO
Para Deleuze, a filosofia não é uma reflexão sobre; não está acima (tendência moderna, final do século XVIII).
A filosofia é produção, criação, e não legitimação, do Pensamento.
Todos os saberes (filosofia, arte, ciência) criam Pensamento, mas há uma distinção na maneira de criar.
A ciência cria funções, a arte cria sensações e a filosofia cria conceitos.
Para Deleuze, o filósofo não desvela (algo que está a ser descoberto, digamos), mas cria, inventa, fazendo nascer o que ainda não existia.
Como os conceitos são criados na filosofia de Deleuze?
01) a partir do Pensamento de outros filósofos; usando alguns filósofos para privilegiar espaços (nos quais o seu Pensamento também está inserido); espaço SINGULAR.
02) a partir dos conceitos suscitados por outros saberes.
Deleuze constrói sua filosofia a partir dessas "fontes", pois acredita ser necessário estabelecer conexões, alianças, agenciamentos.
Deleuze não privilegia a linearidade da história, como Hegel, mas privilegia as conexões geográficas (espaciais).
A idéia é contrapor o PENSAMENTO SEM IMAGEM (diferença) à IMAGEM DO PENSAMENTO (representação).
A representação reduz o Pensamento à identidade; espaço dogmático; metafísico; racional; transcendente; quer descobrir; valores absolutos e universais.
O espaço singular, ou da diferença, é pluralista; ontológico; trágico; imanente; quer criar.
* Perspectiva não é relativismo.
Para Deleuze, a moral é sistema de julgamento. A moral se funda em valores transcendentes (bem e mal, valores metafísicos). Deleuze é um crítico da moral.
A ética avalia sentimentos, leva em consideração os modos de ser das forças vitais que definem a vontade de potência do homem.
Deleuze, ao utilizar o Pensamento de Foucault, por exemplo, não pretende encontrar a identidade deste Pensamento com o seu e sim o seu duplo com o máximo de diferenças. * É diferente, mas não é outro.
Teatro filosófico: Deleuze traz os filósofos, escreve suas falas e as dirige. É o Kafka, é o Foucault DE DELEUZE (procedimento de colagem).
Deleuze não pode ser considerado um historiador da filosofia: repetir o texto não para encontrar sua identidade, mas para afirmar a sua diferença.
terça-feira, 14 de junho de 2011
Deleuze: a arte e a filosofia.
curso com Roberto Machado.
Junho 2011.
2º dia, anotações.
"A LITERATURA"
Deleuze utiliza Pensadores que quiseram criar o Pensamento da diferença.
* Acordo discordante, produzido pela discórdia.
* O particular está submetido ao geral.
* O original é uma potente figura solitária; revela o vazio das formas; a mediocridade das criaturas particulares; é alguém que tem o Pensamento sem imagem, fora da representação.
Cita determinado personagem cuja fala é somente "preferiria não..." - uma "anomalia", apesar de ser escrito normalmente; inventa uma nova língua dentro da própria língua materna; o personagem deixa indeterminado aquilo que rejeita (não aceita nem recusa).
O BOM LITERATO DESAFIA A LÓGICA E A PSICOLOGIA.
* Só é interessante dizer aquilo que não pode ser dito.
* DEVASTAR AS REFERÊNCIAS.
A literatura tem uma relação com o DE FORA da linguagem.
"Eu nunca vi o sertão, ou seja, nunca tive a percepção do sertão, mas, lendo Guimarães Rosa, tive o percepto do sertão."
O clichê é o particular subordinado ao geral.
DEVIR = LINHA DE FUGA = DESTERRITORIALIZAÇÃO.
O devir é contrário à imitação; é uma crítica ao modelo; se desterritorializar em relação ao modelo; escapar da forma dominante.
Deleuze não privilegia a forma e sim a força.
O devir se passa entre. Devir animal não é ser animal e sim assimilar a intensidade deste.
Só existe devir em relação a algo minoritário.
O devir diz respeito ao encontro de heterogêneos; mantém-se a tensão desse encontro.
Alguns personagens trágicos possuem um devir potente demais (para eles) que os aniquila. Porém, DELEUZE NÃO É UM FILÓSOFO DO ANIQUILAMENTO. Há no devir um perigo de desmoronamento.
Segundo Spinoza, "nada que ultrapassa a nossa capacidade de ser afetado é bom."
Por isso, a questão é: como um devir pode ser vivido? Elogio da prudência.
"O artista é alguém que analisa a doença do homem moderno e avalia a sua possibilidade de cura."
O artista é um clínico e não um doente (como costuma ser visto).
Joyce leva sua filha, psicótica, ao consultório de Jung. Joyce mostra a Jung os textos que sua filha escreve, elogiando-os e comparando-os aos seus próprios, pois acha-os parecidos. Jung chama a atenção de Joyce para a seguinte questão: na esfera onde você flutua, sua filha afunda.
O louco, portanto, é aquele que perdeu os procedimentos (diferentemente do artista).
Junho 2011.
2º dia, anotações.
"A LITERATURA"
Deleuze utiliza Pensadores que quiseram criar o Pensamento da diferença.
* Acordo discordante, produzido pela discórdia.
* O particular está submetido ao geral.
* O original é uma potente figura solitária; revela o vazio das formas; a mediocridade das criaturas particulares; é alguém que tem o Pensamento sem imagem, fora da representação.
Cita determinado personagem cuja fala é somente "preferiria não..." - uma "anomalia", apesar de ser escrito normalmente; inventa uma nova língua dentro da própria língua materna; o personagem deixa indeterminado aquilo que rejeita (não aceita nem recusa).
O BOM LITERATO DESAFIA A LÓGICA E A PSICOLOGIA.
* Só é interessante dizer aquilo que não pode ser dito.
* DEVASTAR AS REFERÊNCIAS.
A literatura tem uma relação com o DE FORA da linguagem.
"Eu nunca vi o sertão, ou seja, nunca tive a percepção do sertão, mas, lendo Guimarães Rosa, tive o percepto do sertão."
O clichê é o particular subordinado ao geral.
DEVIR = LINHA DE FUGA = DESTERRITORIALIZAÇÃO.
O devir é contrário à imitação; é uma crítica ao modelo; se desterritorializar em relação ao modelo; escapar da forma dominante.
Deleuze não privilegia a forma e sim a força.
O devir se passa entre. Devir animal não é ser animal e sim assimilar a intensidade deste.
Só existe devir em relação a algo minoritário.
O devir diz respeito ao encontro de heterogêneos; mantém-se a tensão desse encontro.
Alguns personagens trágicos possuem um devir potente demais (para eles) que os aniquila. Porém, DELEUZE NÃO É UM FILÓSOFO DO ANIQUILAMENTO. Há no devir um perigo de desmoronamento.
Segundo Spinoza, "nada que ultrapassa a nossa capacidade de ser afetado é bom."
Por isso, a questão é: como um devir pode ser vivido? Elogio da prudência.
"O artista é alguém que analisa a doença do homem moderno e avalia a sua possibilidade de cura."
O artista é um clínico e não um doente (como costuma ser visto).
Joyce leva sua filha, psicótica, ao consultório de Jung. Joyce mostra a Jung os textos que sua filha escreve, elogiando-os e comparando-os aos seus próprios, pois acha-os parecidos. Jung chama a atenção de Joyce para a seguinte questão: na esfera onde você flutua, sua filha afunda.
O louco, portanto, é aquele que perdeu os procedimentos (diferentemente do artista).
Deleuze: a arte e a filosofia.
curso com Roberto Machado.
Junho 2011.
3º dia, anotações.
"A PINTURA"
1ª hipótese - apesar da variação do estilo, há três elementos invariantes nas obras de Bacon:
a) a figura: como para Bacon é possível evitar o caráter representativo da figura? Bacon desprevilegia a forma. A figura é não figurativa. Bacon está ENTRE o figurativo e o abstrato. Quando há mais de uma figura não se deve contar nenhuma história criando "lógica" entre elas. Duas figuras formam um só fato. A figura de Bacon é um corpo experimentando uma sensação. O corpo é formado por osso e carne em tensão. A figura, se é corpo, não tem rosto (*Rostidade zero?). Devir animal: não tem rosto, mas cabeça. O processo de rostificação, segundo Deleuze, é político. A figura de Bacon não tem rosto, pois quer ser assignificante, assubjetiva.
- DEVIR: desterritorialização conjulgada; DEVIR ANIMAL: indiscernibilidade entre o homem e o animal (entre). Aumento de intensidade.
"Não há nada mais inútil que um orgão." (Artaud)
Deleuze é um crítico da organização / organismo.
"O corpo nunca é um organismo. Os organismos são os maiores inimigos do corpo." (Artaud)
Deleuze é o filósofo das torções, mas isso é justificado pela sua própria teoria.
- CORPO SEM ORGÃOS: vida inorgânica; não ter uma organização. A forma sendo questionada em nome da força. Corpo pleno percorrido por um fluxo de intensidade.
Bacon é um pintor que desfaz o organismo para pintar um corpo sem orgãos.
b) o contorno - delimita onde está a figura; o lugar da relação entre a figura e a grande superfície plana.
c) grande superfície plana.
Junho 2011.
3º dia, anotações.
"A PINTURA"
1ª hipótese - apesar da variação do estilo, há três elementos invariantes nas obras de Bacon:
a) a figura: como para Bacon é possível evitar o caráter representativo da figura? Bacon desprevilegia a forma. A figura é não figurativa. Bacon está ENTRE o figurativo e o abstrato. Quando há mais de uma figura não se deve contar nenhuma história criando "lógica" entre elas. Duas figuras formam um só fato. A figura de Bacon é um corpo experimentando uma sensação. O corpo é formado por osso e carne em tensão. A figura, se é corpo, não tem rosto (*Rostidade zero?). Devir animal: não tem rosto, mas cabeça. O processo de rostificação, segundo Deleuze, é político. A figura de Bacon não tem rosto, pois quer ser assignificante, assubjetiva.
- DEVIR: desterritorialização conjulgada; DEVIR ANIMAL: indiscernibilidade entre o homem e o animal (entre). Aumento de intensidade.
"Não há nada mais inútil que um orgão." (Artaud)
Deleuze é um crítico da organização / organismo.
"O corpo nunca é um organismo. Os organismos são os maiores inimigos do corpo." (Artaud)
Deleuze é o filósofo das torções, mas isso é justificado pela sua própria teoria.
- CORPO SEM ORGÃOS: vida inorgânica; não ter uma organização. A forma sendo questionada em nome da força. Corpo pleno percorrido por um fluxo de intensidade.
Bacon é um pintor que desfaz o organismo para pintar um corpo sem orgãos.
b) o contorno - delimita onde está a figura; o lugar da relação entre a figura e a grande superfície plana.
c) grande superfície plana.
Deleuze: a arte e a filosofia.
curso com Roberto Machado.
Junho 2011.
4º dia, anotações.
"O CINEMA"
Os cineastas pensam através de imagens.
O cinema não é língua, nem linguagem (Pensamento contrário à semântica).
Deleuze pensa o cinema a partir do pensamento de Bergson (livro: Matéria e Memória).
Deleuze fala em dois tipos de imagem:
01) Imagem Movimento - Cinema Clássico; representação indireta do tempo; cinema de ação; encadeamento sensório motor entre as imagens, agindo e reagindo umas sobre as outras construindo um organismo; conexão lógica; conta-se uma "historinha".
02) Imagem Tempo - Cinema Moderno; apresentação direta do tempo; questionamento do encadeamento; a percepção não se prolonga mais em ação, mas se relaciona com o Pensamento. Este cinema possui cinco características: a) situações dispersíveis (várias), situações relativamente independentes; b) o encadeamento entre as imagens é quase inexistente; c) as ações são substituídas por personagens que erram (conceito de errância); d) toma consciência do clichê, denunciando o lugar comum; e) denuncia um complô do poder que é necessário para que a sociedade permaneça como está (isto é a condição para um novo tipo de imagem).
Este cinema (o de imagem tempo) apresenta situações óticas e sonoras puras; cinema visionário; proporciona um conhecimento (e não um reconhecimento) da realidade.
Junho 2011.
4º dia, anotações.
"O CINEMA"
Os cineastas pensam através de imagens.
O cinema não é língua, nem linguagem (Pensamento contrário à semântica).
Deleuze pensa o cinema a partir do pensamento de Bergson (livro: Matéria e Memória).
Deleuze fala em dois tipos de imagem:
01) Imagem Movimento - Cinema Clássico; representação indireta do tempo; cinema de ação; encadeamento sensório motor entre as imagens, agindo e reagindo umas sobre as outras construindo um organismo; conexão lógica; conta-se uma "historinha".
02) Imagem Tempo - Cinema Moderno; apresentação direta do tempo; questionamento do encadeamento; a percepção não se prolonga mais em ação, mas se relaciona com o Pensamento. Este cinema possui cinco características: a) situações dispersíveis (várias), situações relativamente independentes; b) o encadeamento entre as imagens é quase inexistente; c) as ações são substituídas por personagens que erram (conceito de errância); d) toma consciência do clichê, denunciando o lugar comum; e) denuncia um complô do poder que é necessário para que a sociedade permaneça como está (isto é a condição para um novo tipo de imagem).
Este cinema (o de imagem tempo) apresenta situações óticas e sonoras puras; cinema visionário; proporciona um conhecimento (e não um reconhecimento) da realidade.
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