terça-feira, 13 de janeiro de 2009

teatro e vanguarda - O TEATRO DE GUERRILHA



(trechos)


"Teatro-movimento: Com este vocábulo quisemos designar as experiências que não se efetuam no quadro de instituições teatrais fixas - um lugar determinado para representação, uma companhia etc. - mas fora delas, apoiando-se em grupos políticos, movimentos de juventude, ou representando para eles. Teatro de agitação política, reivindicativo: têm-se revelado várias orientações cujo ponto comum é a elaboração de uma verdadeira pedagogia teatral (que age simultaneamente sobre o público e sobre os atores) e sobretudo o fato de darem um sentido novo ao amadorismo, uma função particular à arte."

"A arte é quase sempre inofensiva e benéfica:
não pretende ser mais que uma ilusão.
À exceção de determinado número de indi-
víduos, que estão, digamos, obcecados pela
arte, esta não ousa nunca entrar no domínio
da realidade." (Freud)

"O guerrilheiro precisa da ajuda total da
população... Desde o início da luta, tem em
vista a destruição de uma ordem injusta e,
por conseguinte, a intenção mais ou menos
clara de substituir o novo pelo velho." (Che Guevara)

"Esta sociedade em que vivemos -a sociedade dos Estados Unidos - que monotonia!!! Desviados por valores superficiais que são desprovidos de sentido humano, damos o poder às máquinas."

"O teatro contribuiu também para os alienar apresentando-nos um ator no qual tudo, do trajo à massa cinzenta, era limitado. O ator era apenas um número entre outros, um tipo de 'personagem' pronto a receber ordens."

"Enquanto, cheios de espírito de amadorismo, nos metemos em problemas de arte e de cultura, a televisão anestesia os espíritos."

"Nos Estados Unidos, os motivos, as aspirações e a prática do teatro devem ser readaptados de maneira a que este teatro:
- ensine qualquer coisa.
- indique o sentido a dar a transformação.
- seja um exemplo dessa transformação."

"A companhia de guerrilha deve, como grupo, explicar, exemplificando, aquilo em que consiste a mudança."

"As tentativas feitas a partir de 1930 até aos nossos dias com vista a criar um teatro orientado socialmente, foram ineficazes."

"O teatro de guerrilha viaja com pouca bagagem e trava-se de amizade com as multidões."

"O problema é criar público para um tipo de teatro, habituá-lo a frequentá-lo e a descobrir as formas que transformam um protesto numa contestação social 'eficaz'."

"No nosso caso, a consagração consiste em continuar, repito, em continuar a apresentar peças morais e em afrontar a hipocrisia reinante na sociedade."

"Nota: Falo dos Estados Unidos e do meio teatral dos Estados Unidos. Não tenho pretensão de enunciar juízos estético universais."

"O bom teatro só adquire esse significado na medida em que consegue criar públicos novos, mas uma vez na via do teatro de esquerda, não se pode parar. É preciso ir até ao fim, se não quisermos ser esmagados pelas forças contrárias cujos meios e poder são enormes."


R. G. DAVIS

(Extraído de Partisans n. 36,

Fevereiro-Março 1967).

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