segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

teatro e vanguarda - BRECHT: VOCAÇÃO E PROVOCAÇÃO IDEOLÓGICAS

Bertolt Brecht



(trechos)



"A obra de Bertold Brecht nasceu com os primeiros combates do partido comunista alemão e com a vaga do modernismo, a seguir à segunda guerra mundial."


--> Brecht: o único grande sobrevivente do grupo expressionista.


Enquanto "as massas encararem o que lhes acontece como fruto do destino, e não como uma experiência, aprenderão tanto das catástrofes, como um porco da Índia aprende biologia." (Brecht)


"<<O facismo só pode ser combatido como capitalismo que é, como a forma de capitalismo mais brutal, mais descarada, mais opressiva, mais vil. Os que são contra a barbárie, sem se manifestarem contra o regime de propriedade responsável por ela, fazem lembrar os que querem comer a vitela sem ver o sangue, e exigem que o carniceiro lave as mãos para os servir>>."


"A obra de Brecht afirma-se pois, como um incitamento à luta pela verdade."


"<<Nesta época, escreve Brecht, em que o ser humano deve ser apreendido como a totalidade das relações sociais, a forma épica é a única que pode permitir ao dramaturgo encontrar uma imagem compreensiva do mundo>>."


"O espectador torna-se um comissário, o ator um relator, o escritor um técnico."


"O drama real de sua obra reside no conflito que o dilacera entre o desejo de bondade total, absoluta, e adureza exigida ao militante marxista. <<É terrível a tentação da bondade>>, canta o coro do Círculo de giz. Há algo de infinitamente poético nesta nostalgia da bondade impossível, que transparece como um lamento ao longo de toda a sua obra. <<Olho com compaixão as veias dilatadas do rosto - que provam quanto é difícil ser-se perverso>> suspira o poeta ante uma máscara chinesa. Pois não se pode nem se deve ser bom, num mundo onde reina a crueldade e a cobardia, onde todo o gesto de bondade do proletário acaba por se voltar contra ele, <<nesta época de regresso à selvajaria e à ferocidade, nesta época de desvario da burguesia>>, como dizia Gorki no Congresso de 1934. <<Ser bom, é perpetuar o mal>> pois 'no sistema deles ser-se humano é uma excepção', repete Brecht em A Excepção e a Regra."


"será a sociedade comunista que, um dia, saciará esta fome de bondade absoluta e total."



MICHEL HABART


(extraído da revista 'Thèatre Populaire', nº 11, Janeiro-Fevereiro de 1955).

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