quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Ética a Nicômaco - Aristóteles

(breves anotações) / * Nota pessoal

“o hábito, meu caro, não é senão uma longa prática que acaba por fazer-se natureza.” (aRiStÓtELeS).

"Por isso, as pessoas que se encontram nos extremos empurram uma para a outra a intermediária: o homem bravo é chamado de temerário pelo covarde e de covarde pelo temerário, e analogamente com os outros casos."

* O homem incapaz de perceber as virtudes alheias em função de seus próprios vícios.

- A virtude moral é um meio termo.

"em todas as coisas, o agradável e o prazer é aquilo de que mais devemos defender-nos, pois não podemos julgá-lo com imparcialidade."

- Quem decide até que ponto um homem pode desviar-se sem merecer censura é a percepção e não o raciocínio.

- INVOLUNTÁRIO: coisas que ocorrem sob compulsão ou por ignorância;
- VOLUNTÁRIO: quando no homem agente se encontra o princípio que move as partes apropriadas do corpo em tais ações.

"Tudo que se faz por ignorância é não-voluntário, e só o que produz dor e arrependimento é involuntário."

"a escolha, para os espíritos discriminadores, parece estar mais estritamente ligada à virtude que as ações."

"a escolha parece relacionar-se com as coisas que estão em nosso poder."

"a escolha envolve um princípio racional e o pensamento."

"Deliberamos sobre as coisas que estão ao nosso alcance e podem ser realizadas."

- + DÚVIDAS --> + DELIBERAR / DESEJO TEM POR OBJETO O FIM.

"O homem é um princípio motor de ações."

"aquilo por que nos decidimos em resultado da deliberação é o objeto de escolha." "a escolha é um desejo deliberado de coisas que estão ao nosso alcance."

"depende de nós praticar atos nobres ou vis, e se é isso que se entende por bom ou mau, então depende de nós sermos virtuosos ou viciosos."

"e sucede até que um homem seja punido pela sua própria ignorância quando o julgam responsável por ela."

"ignorar que é pelo exercício de atividades sobre objetos particulares que se formam as disposições de caráter é de homem verdadeiramente insensato."

“[*com o injusto e o intemperante] a princípio dependia deles não se tornarem homens dessa espécie, de modo que é por sua própria vontade que são injustos e intemperantes; e agora que se tornaram tais, não lhes é possível ser diferentes."

"Dos vícios do corpo, pois, os que dependem de nós são censurados e os que não dependem não o são."

"Visar ao fim não depende da nossa escolha, mas é preciso ter nascido com um sexto sentido, por assim dizer, que nos permita julgar com acerto e escolher o que é verdadeiramente bom."

- Dotes naturais? * Adquiridos nos primeiros anos de vida: valores.

"no homem mau está igualmente presente aquilo que depende dele próprio em seus atos, embora não na sua escolha de um fim."

"ninguém como o homem bravo é capaz de fazer frente ao que aterroriza o comum das pessoas."

"Dos erros que se pode cometer, um consiste em temer o que não se deve, outro em temer como não se deve, outro quando não se deve e assim por diante."

- Cada coisa é definida pelo seu fim.

"o que o bravo é com relação às coisas terríveis, o temerário deseja parecer." ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------> Mistura de temeridade e covardia, porque embora mostrem arrojo em tais situações, não se mantêm firmes contra o que é realmente terrível.

"A covardia, a temeridade e a bravura relacionam-se com os mesmos objetos, mas revelam disposições diferentes para com eles."

"O homem corajoso escolhe e suporta coisas porque é nobre fazê-lo, ou porque é vil deixar de fazê-lo."

"Não são bravas, pois, aquelas criaturas que a dor ou a paixão impele para diante do perigo."

"os atos previstos podem ser escolhidos por cálculo e regra, mas os atos imprevistos devem estar de acordo com a disposição de caráter do agente."

"a coragem envolve dor e é justamente louvada por isso, pois mais difícil é enfrentar o que é doloroso do que abster-se do que é agradável."

"a finalidade que a coragem se propõe dir-se-ia que é agradável, mas é encoberta pelas circunstâncias do caso."

TEMPERANÇA: meio-termo em relação aos prazeres, está relacionada aos prazeres do corpo, pois quem "fofoca" em excesso, e sente prazer nisto, não é chamado de intemperante e sim mexeriqueiro.

- A intemperança nos domina não como homens, mas animais.

"o excesso em relação aos prazeres é intemperança, e é culpável."

- O intemperante sofre mais do que deve com a ausência do agradável.

- Os insensíveis são quase inexistentes, pois não preferir algo ao invés de outro algo é inumano - sem nome.

"A intemperança assemelha-se mais a uma disposição voluntária que a covardia, pois a primeira é atuada pelo prazer e a segunda pela dor."

"os apetites devem ser poucos e moderados e não se oporem de modo algum ao princípio racional."

"O homem liberal é louvado no tocante ao dar e receber riquezas - e especialmente ao dar."

RIQUEZAS: todas as coisas que o valor se mede pelo dinheiro. / PRODIGALIDADE e AVAREZA: excesso e deficiência.

"As ações virtuosas são praticadas tendo em vista o que é nobre."

"Não é fácil a um homem liberal ser rico, pois não é inclinado nem a tomar nem a conservar, mas a dar, e não estima a riqueza por si mesma, e sim como instrumento de sua liberalidade."

- o pródigo parece ser superior ao avaro, pois é curado de seu vício tanto pelos anos, como pela pobreza, podendo então aproximar-se da disposição intermediária.

"não é próprio de um homem malvado ou ignóbil exceder-se no dar e no não receber, mas apenas de um tolo."

AVAREZA: deficiência no dar e excesso no tomar.

MAGNIFICÊNCIA: gasto apropriado que envolve grandes quantias. MESQUINHEZ e VULGARIDADE: deficiência e excesso.

"A magnificência é um atributo dos gastos que chamamos honrosos, como os que se relacionam com os deuses - ofertas votivas, construções, sacrifícios."

"a despesa justa é que é virtuosa."

"O vulgar e extravagante excede, gastando além do que é justo. Com efeito, em pequenos objetos de dispêndio ele gasta muito e revela uma ostentação de mau gosto."

"O mesquinho (...) em tudo que faz hesita, estuda a maneira de gastar menos, lamenta até o pouco que dispende e julga estar fazendo tudo em maior escala do que devia."

"o magnânimo é o homem que com a razão se considera digno das grandes coisas."

- magnanimidade implica grandeza.

MAGNANIMIDADE: VAIDADE e HUMILDADE indevida, excesso e deficiência.

"é a honra que os magnânimos parecem ter em mente."

"os bens de fortuna também contribuem para a magnanimidade."

"Sem virtude não é fácil carregar os bens da fortuna."

"O magnânimo expressa-se com fraqueza por desdém e é afeito a dizer a verdade, salvo quando fala com ironia às pessoas vulgares."

"os homens desejam a honra não só mais como também menos do que devem; logo, é possível desejá-la também como se deve. Em todo caso, é essa disposição de caráter que se louva e que é um meio-termo sem nome no tocante à honra."

"CALMA": "PACATEZ" e "IRASCIBILIDADE", excesso e deficiência.

- Nas pessoas irascíveis, a cólera, que se manifesta depressa com pessoas e coisas indébitas e mais do que convém, não tarda a passar já que estas pessoas não refreiam sua ira. As pessoas birrentas, que refreiam sua cólera, só aliviam-se quando se vingam.

- Mal-humorados se encolerizam com o que não devem, mais do que devem e por mais tempo.

"não é fácil definir como, com quem, com que coisa e por quanto tempo devemos irar-nos, e em que ponto termina a ação justa e começa a injusta."

* Partindo-se do pressuposto, por exemplo, que uma pessoa estava "reservada" e é, por algum motivo, ofendida por outra e encoleriza-se por isso, creio que a medida que a cólera deverá ser manifestada é a medida de sua satisfação, pois por mais que a pessoa ofendida traga, com a cólera, questões diversas ao tema da ofensa, a pessoa que primeiro ofendeu corre esse risco ao cometer a ofensa e, portanto, não está sendo injustiçada.

"a decisão depende das circunstâncias e da percepção."

OBSEQUIOSO e GROSSEIRO: deficiência e excesso. O meio-termo encontra-se no "homem que se conforma e se rebela ante as coisas que devem da maneira devida."

JACTÂNCIA (excesso - pior) e FALSA MODÉSTIA: "o meio-termo não exagera nem subestima e é veraz tanto em seu modo de viver como em suas palavras, declarando o que possui, porém nem mais nem menos." (VERACIDADE: meio-termo)

"não é a capacidade que faz o jactancioso, mas o propósito."

"Os que levam a jocosidade ao excesso são considerados farsantes vulgares que procuram ser espirituosos a qualquer custo."

"os que não sabem gracejar, nem suportam os que o fazem, são rústicos e impolidos."

ESPIRITUOSOS: FARSANTES e RÚSTICOS, excesso e deficiência.

"os lazeres e a recreação são considerados um elemento necessário à vida."

- a vergonha se assemelha mais a um sentimento que a uma disposição de caráter e é definida como uma espécie de medo da desonra. - DEVE APENAS APRESENTAR-SE EM JOVENS.

JUSTIÇA: "disposição de caráter que torna as pessoas propensas a fazer o que é justo, que as faz agir justamente e desejar o que é justo." - A mesma coisa com a injustiça.

“nas disposições que tomam sobre todos os assuntos, as leis têm em mira a vantagem comum.”

“a lei nos ordena praticar tanto os atos de um homem bravo, quanto os de um homem temperante e os de um homem calmo, e do mesmo modo com respeito às outras virtudes e formas de maldade, prescrevendo certos atos e condenando outros.”

“somente a justiça entre todas as virtudes é o bem de um outro.”

Nesse sentido, a virtude e a justiça “são elas a mesma coisa, mas não o é em sua essência. Aquilo que, em relação ao próximo, é justiça, como uma determinada disposição de caráter e em si mesmo, é virtude.”

O OBJETO DE INVESTIGAÇÃO É AQUELA JUSTIÇA QUE CONSTITUI UMA PARTE DA VIRTUDE

“quando um homem tira proveito de sua ação, esta não é atribuída a nenhuma outra forma de maldade que não à injustiça.”

è O significado de ambas as injustiças, a ampla e a particular, consiste numa relação com o próximo.
“em toda espécie de ação em que há o mais e o menos, há o igual.” à (espécie do justo) A) Justiça distributiva.

“Se não são iguais, não recebem coisas iguais; mas isso é origem de disputas e queixas: ou quando têm e recebem partes desiguais, ou quando desiguais recebem partes iguais. Isto, aliás, é evidente pelo fato de que as distribuições devem ser feitas ‘de acordo com o mérito’; pois todos admitem que a distribuição justa deva concordar com o mérito num sentido qualquer, se bem que nem todos especifiquem a mesma espécie de mérito, mas os democratas o identificam com a condição de homem livre, os partidários da oligarquia com a riqueza (ou com a nobreza de nascimento), e os partidários da aristocracia com a excelência.”

“O justo é, pois, uma espécie de termo proporcional.”

“O injusto é o que viola a proporção.”

“o homem que age injustamente tem excesso e o que é injustamente tratado tem demasiado pouco do que é bom.”

B) A outra [espécie] do justo “é a [Justiça] corretiva que surge em relação com transações tanto voluntárias como involuntárias.”

“no caso em que um recebe e o outro infligiu um ferimento, ou um matou e o outro foi morto, o sofrimento e a ação foram desigualmente distribuídos; mas o juiz procura igualá-los por meio da pena, tomando uma parte do ganho do acusado.”

“uma vez estimado o dono, um é chamado perda e o outro, ganho.”

“a justiça corretiva será o intermediário entra a perda e o ganho.”

“Eis aí porque as pessoas em disputa recorrem ao juiz; e recorrer ao juiz é recorrer à justiça, pois a natureza do juiz é ser uma espécie de justiça animada; e procuram o juiz como um intermediário, e em alguns Estados os juízes são chamados mediadores, na convicção de que, se os litigantes conseguirem o meio-termo, conseguirão o que é justo.”

“tanto devemos subtrair do que tem mais como acrescentar ao que tem menos.”

“a reciprocidade deve fazer-se de acordo com uma proporção e não na base de uma retribuição exatamente igual.”

à As pessoas, em certo modo, diferentes e desiguais (por exemplo, um médico e um agricultor) devem ser igualadas. “Eis por que todas as coisas que são objetos de troca devem ser comparáveis de um modo ou de outro. Foi para esse fim que se introduziu o dinheiro, o qual se torna, em certo sentido, um meio-termo, visto que mede todas as coisas e, por conseguinte, também o excesso e a falta – quantos pares de sapato são iguais a uma casa ou a uma determinada quantidade de alimento.”

“O número de sapatos trocados por uma casa deve corresponder à razão entre o arquiteto e o sapateiro.”

“o dinheiro tornou-se uma espécie de representante da procura.” à O dinheiro (medida) existe por lei e não por natureza, sendo uma unidade para igualar as coisas, proporcionando a troca.

“a ação justa é intermediária entre o agir injustamente e ser vítima de injustiça.”

à Um homem não deve governar e sim o “PRINCÍPIO RACIONAL”, pois um homem o faz em seu próprio interesse e converte-se num tirano.

“não pode haver justiça no sentido incondicional em relação a coisas que nos pertencem.”

“Não pode haver injustiça contra si próprio.”

“Da justiça política, uma parte é natural e a outra parte legal: natural, aquela que tem a mesma força onde quer que seja e não existe em razão de pensarem os homens deste ou daquele modo; legal, a que de início é indiferente, mas deixa de sê-lo depois que foi estabelecida.”

“uma coisa é injusta por natureza ou por lei; e essa mesma coisa, depois que alguém a faz, é um ato de injustiça.”

“um homem age de maneira justa ou injusta sempre que pratica tais atos voluntariamente.”

“Por voluntário entendo tudo aquilo que um homem tem o poder de fazer e que faz com conhecimento de causa, isto é, sem ignorar a pessoa atingida pelo ato, nem o instrumento usado, nem o fim que há de alcançar; (...), além disso, cada um desses atos não deve ser acidental nem forçado.”

“Dos atos voluntários, praticamos alguns por escolha e outros não.”

“se consideram os atos originados da cólera como impremeditados, pois a causa do mal não foi o homem que agiu sob o impulso da cólera, mas aquele que o provocou.”

“se um homem prejudica outro por escolha age injustamente.”

“é possível participar acidentalmente da justiça e do mesmo modo da injustiça.”

“praticar um ato injusto não é o mesmo que agir injustamente, nem sofrer injustiça é o mesmo que ser injustamente tratado.” * isto envolve voluntariedade ou não.

“se agir injustamente não é mais que prejudicar voluntariamente a alguém e o homem incontinente prejudica voluntariamente a si mesmo, não só ele será injustamente tratado por seu querer como também será possível tratar a si mesmo injustamente.”

“Por outro lado, um homem pode voluntariamente, devido à incontinência, sofrer algum mal da parte de outro que age voluntariamente, de modo que seria possível ser injustamente tratado por seu próprio querer.”

“o homem incontinente faz coisas que pensa não dever fazer.”

“o ser injustamente tratado não é voluntário” à Pois, deseja-se o bem mesmo que se alcance o mal.

“Assim, um homem poderia ser voluntariamente prejudicado e voluntariamente sofrer injustiça, mas ninguém seria injustamente tratado por seu querer; pois ninguém deseja ser injustamente tratado, nem mesmo o homem incontinente.”

“Esse homem age contrariamente ao seu desejo, pois ninguém deseja o que julga não ser bom.”

· Equidade: igualdade, justiça, retidão – Dicionário Michaelis.

“o aquinhoador age injustamente, mas isso nem sempre é verdadeiro do homem que recebeu a parte excessiva.”

“aquele que recebeu um quinhão excessivo não age injustamente, embora ‘faça’ o que é injusto.”

“a justiça é algo essencialmente humano.”

“A mesma coisa é justa e equitativa e, embora ambos sejam bons, o equitativo é superior.”

“o equitativo é justo, porém não o legalmente justo, e sim uma correção da justiça legal.”

“quando a lei se expressa universalmente e surge um caso que não é abrangido pela declaração universal, é justo, uma vez que o legislador falhou e errou por excesso de simplicidade, corrigir a omissão.”

è A equidade, disposição de caráter, é uma espécie de justiça e não uma diferente disposição de caráter.
è O suicida age injustamente para com o Estado, pois ele sofre voluntariamente e ninguém é voluntariamente tratado com injustiça. Por isso, o Estado pune o suicida.

VIRTUDE MORAL: disposição de caráter relacionada com a escolha.

“Dividimos as virtudes da alma, dizendo que algumas são virtudes do caráter e outras do intelecto.”

è A alma possui duas partes: a que concebe uma regra ou princípio racional, e a privada de razão.

“A virtude de uma coisa é relativa ao seu funcionamento apropriado.”
“Na alma, existem três coisas que controlam a ação e a verdade: sensação, razão e desejo.”

ESCOLHA: desejo deliberado. DESEJO tem de ser reto.

à O DESEJO DEVE BUSCAR O QUE AFIRMA O RACIOCÍNIO.

“A origem da ação é a escolha, e da escolha é o desejo e o raciocínio com um fim em vista.”

“A escolha não pode existir nem sem razão e intelecto, nem sem uma disposição moral.”

“Só o que se pratica é um fim irrestrito; pois a boa ação é um fim ao qual visa o desejo.”

è O vício anula a causa que originou a ação.
è Sabedoria: de todas as formas de conhecimento, a mais perfeita.

DISPOSIÇÕES EM VIRTUDE DAS QUAIS A ALMA POSSUI A VERDADE: a arte, o conhecimento científico, a sabedoria prática, a sabedoria filosófica e a razão intuitiva.

*Arte: capacidade raciocinada de produzir;
*Conhecimento científico: juízo sobre coisas universais e necessárias;
*Sabedoria Prática: capacidade verdadeira e raciocinada de agir com respeito aos bens humanos;
*Razão Intuitiva: apreende os primeiros princípios dos quais decorrem as conclusões da demonstração e o conhecimento científico;
*Sabedoria Filosófica: conhecimento científico combinado com a razão intuitiva daquelas coisas que são as mais elevadas por natureza.

“conhecimento correto é coisa que não existe, assim como não existe conhecimento errado; e a opinião correta é a verdade.”

“a inteligência limita-se a julgar.”

“discernimento é a reta discriminação do equitativo.”

“ser um homem inteligente ou de bom ou humano discernimento consiste em ser capaz de julgar as coisas com que se ocupa a sabedoria prática.”

“Assim como dizemos que algumas pessoas que praticam atos justos não são necessariamente justas, por isso, parece que, do mesmo modo, para alguém ser bom é preciso encontrar-se em determinada disposição quando pratica cada um desses atos.”

“as disposições morais a serem evitadas são de três espécies: o vício, a incontinência e a bruteza.”

“o homem incontinente, sabendo que o que faz é mau, o faz levado pela paixão, enquanto o homem continente, conhecendo como maus os seus apetites, recusa-se a segui-los em virtude do princípio racional.”

“Sugere-se que é contra a reta opinião e não contra o conhecimento que agimos de modo incontinente.”

“tanto as pessoas continentes e dotadas de fortaleza como as incontinentes e efeminadas se relacionam com prazeres e dores.”

“com referência a todos os objetos desta espécie – a riqueza, o lucro, a vitória, a honra – ou da intermediária não são censurados os por desejá-los e amá-los, mas por fazerem-no de certo modo, isto é, indo ao excesso.”

è A brutalidade está para além das fronteiras dos vícios.

“a cólera, devido à sua natureza ardente e impetuosa, embora ouvindo, não escuta as ordens e precipita-se para a vingança.”

“o raciocínio ou a imaginação nos informa de que fomos desprezados ou desconsiderados, e a cólera como que chegando à conclusão de que é preciso reagir contra qualquer coisa dessa espécie, ferve imediatamente; enquanto o apetite, mal o raciocínio ou a percepção lhe dizem que determinado objeto é agradável, corre a desfrutá-lo.”

“a cólera e a irritabilidade são mais naturais do que o apetite pelos excessos.”

“um homem colérico não se inclina a conspirar, nem o faz a própria cólera, que é aberta e franca; mas a natureza do apetite é elucidada pelo que os poetas chamam Afrodite.”

“ninguém comete desregramentos com um sentimento de dor, mas a cólera é sempre acompanhada de dor.”

è MOSTRA-SE QUE A INCONTINÊNCIA RELATIVA À CÓLERA É MENOS VERGONHOSA QUE AQUELA QUE DIZ RESPEITO AOS APETITES.

“a bruteza é um mal menor do que o vício.”

“o homem que busca o excesso das coisas agradáveis ou busca em demasia as coisas necessárias, fazendo-o deliberadamente, por elas próprias e nunca tendo em vista algum outro fim, é intemperante.”

“[o efeminado] deixa arrastar o seu manto para evitar o esforço de erguê-lo e simula doença sem se considerar infeliz, ao passo que o homem a quem ele imita é realmente infeliz.”

“alguns homens, após terem deliberado, não sabem manter, devido à emoção, as conclusões a que chegaram, enquanto outros, por não terem deliberado, são levados pela sua emoção.”
“o intemperante é incurável e o incontinente é curável.”

“a incontinência é contrária à escolha, enquanto o vício segue o que escolheu.”

INCONTINENTE: superior ao intemperante e não é mau no sentido absoluto.

“as pessoas teimosas são as opiniáticas, as ignorantes e as rústicas.”

“nem todos os que fazem alguma coisa tendo em vista o prazer são intemperantes, maus ou incontinentes, mas só os que o fazem por um prazer vergonhoso.”

HABILIDADE e SABEDORIA PRÁTICA: estão próximas uma da outra no tocante ao modo de raciocinar, mas distinguem-se quanto ao seu propósito.

“Para o amor dos objetos inanimados não usamos a palavra ‘amizade’, pois não se trata de amor mútuo, nem um deseja bem ao outro.”

“a benevolência, quando recíproca, torna-se amizade.”

“os que se amam por causa de sua utilidade não se amam por si mesmos, mas em virtude de algum bem que recebem um do outro.” à “idêntica coisa se pode dizer dos que se amam por causa do prazer.”

“os que amam por causa da utilidade, amam pelo que é bom para eles mesmos, e os que amam por causa do prazer, amam em virtude do que é agradável a eles.” à “De modo que essas amizades são apenas acidentais.” à Tais amizades se dissolvem facilmente.

“A amizade perfeita é a dos homens que são bons e afins na virtude, pois esses desejam igualmente bem um ao outro enquanto bons, e são bons em si mesmos.”

“os que desejam bem aos seus amigos por eles mesmos são os mais verdadeiramente amigos, porque o fazem em razão da sua própria natureza e não acidentalmente. Por isso, sua amizade dura enquanto bons – e a bondade é uma coisa muito durável.”

“é natural que tais amizades não sejam muito freqüentes, pois que tais homens são raros.”

“o desejo de amizade pode surgir depressa, mas a amizade não.”

“Muitos amantes são constantes, quando a familiaridade os leva a amar o caráter um do outro pela afinidade que existe entre eles.”

“por si mesmos, só os homens bons podem ser amigos.”

“A distância não rompe a amizade em absoluto, mas apenas a sua atividade.”

“dir-se-ia que o amor é um sentimento e a amizade é uma disposição de caráter.”

“um homem bom é útil e agradável.”

“existe outra espécie de amizade: a quem envolve uma desigualdade entre as partes.”

“Em todas as amizades que envolvem desigualdade, o amor também deve ser proporcional (...), pois estabelece-se, em certo sentido, a igualdade.”

“a amizade depende mais do amor que do ser amado.” à “o amor parece ser a virtude característica dos amigos.”

“A amizade com vistas na utilidade parece ser a que mais facilmente se forma entre contrários (...) porque um homem ambiciona aquilo que lhe falta e dá algo em troca.”

“das amizades, também algumas são verdadeiras amizades em maior e outras em menor grau.”

“as imposições da justiça também parecem aumentar com a intensidade da amizade, o que implica que a amizade e a justiça existem entre as mesmas pessoas e são coextensivas.”

“O desvio da MONARQUIA é a *TIRANIA” à ambas são formadas de governo de um só homem; o tirano visa à sua própria vantagem, o rei à vantagem de seus súditos.

“A ARISTOCRACIA degenera em *OLIGARQUIA pela ruindade dos governantes que distribuem sem equidade o que pertence ao Estado.”

“A TIMOCRACIA degenera em *DEMOCRACIA.” à ambas são coextensivas, já que a própria timocracia tem como o ideal o governo da maioria e os que não têm posses são contados como iguais aos outros.

*Perversões

“A democracia é a menos má das três espécies de perversão, pois no seu caso a forma de constituição não apresenta mais que um ligeiro desvio.”

“o ideal da monarquia é ser uma forma paternal de governo.”

“cada uma das constituições comporta amizade na exata medida em que comporta justiça.”

“Duas coisas que muito contribuem para a amizade são a educação em comum e a semelhança de idade.”

“Surgem desentendimentos quando o que as pessoas obtêm é algo diferente daquilo que desejam.”
“o propósito é o que caracteriza tanto um amigo como a virtude.”

“as discussões a respeito de sentimentos e ações são tão definidas ou indefinidas quanto os seus objetos.”

“a existência é boa para o homem virtuoso.”

“não é possível que duas pessoas sejam amigas se antes não sentiram benevolência uma para com a outra, mas pelos simples fato de sentirem benevolência não se pode dizer que sejam amigas.”

“É a respeito das coisas a fazer que se diz que as pessoas são unânimes.” AMIZADE POLÍTICA.

“O que é agradável é a atividade do presente, a esperança do futuro e a memória do passado.”

“Se um homem fizesse sempre questão de que ele mesmo, acima de todas as coisas, agisse com justiça e temperança ou de acordo com qualquer outra virtude, e em geral procurasse sempre assumir para si a conduta mais nobre, ninguém chamaria de amigo de si mesmo a um tal homem e ninguém o censuraria. No entanto, ele parece ser mais amigo de si mesmo que [qualquer] outro.”

“as coisas que os homens fazem de acordo com um princípio racional são consideradas mais legitimamente atos seus, e atos voluntários.”

“se todos ambicionassem o que é nobre e dedicassem o melhor de seus esforços à prática das mais nobres ações, todas as coisas correriam para o bem comum e cada um obteria para si os maiores bens, já que a virtude é o bem maior que existe.”

“ninguém escolheria a posse do mundo inteiro sob a condição de viver só, já que o homem é um ser político e está em sua natureza o viver em sociedade.”

NATUREZA DA OPOSIÇÃO ENTRE DOR E PRAZER: os homens evitam uma como um mal e escolhem o outro como um bem.

“nem o prazer é o bem, nem todo prazer é desejável, e que alguns prazeres são desejáveis por si mesmos, diferindo eles dos outros em espécie ou quanto às suas fontes.”

“Na medida, pois, em que tanto o objeto inteligível ou sensível como a faculdade discriminadora ou contemplativa forem tais como convém, a atividade será acompanhada de prazer.”

“cada atividade é intensificada pelo prazer que lhe é próprio.”

“felicidade é o fim da natureza humana.”

“uma vida virtuosa exige esforço e não consiste e divertimento.”

“a atividade da sabedoria filosófica é a mais aprazível das atividades virtuosas.”

“a felicidade perfeita é uma atividade contemplativa.”
“No tocante à virtude, pois, não basta saber, devemos tentar possuí-la e usá-la ou experimentar qualquer outro meio que se nos antepare de nos tornarmos bons.”

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