quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

teatro e vanguarda - PISCATOR FALA-NOS DE TEATRO

Erwin Piscator


(trechos)


(Entrevista concedida por ocasião da
apresentação em Paris da sua mon-
tagem de Guerra e Paz, de Tolstoi).




"-Creio que a renovação do teatro depende tanto da cena como do público."

"Não podemos considerar a arte apenas como uma distração, é também um laborarótio do comportamento do homem e da sua educação moral (aliás Diderot e Schiller pensaram-no antes de mim). É preciso considerá-lo em função da construção da sociedade, e da sua transformação numa verdadeira sociedade humana.
O teatro político na sua necessidade histórica, nasceu desta concepção.
Quanto a mim, não faço encenações apenas para mostrar a minha arte, mas para fazer compreender aos espectadores (por conseguinte, ao povo) que a sua vida privada e as suas ações individuais são determinadas pelo mundo que os cerca."

"Queríamos fazer sentir aos espectadores que estavam no teatro, que não tinham vindo ali para viver uma vida imaginária, mas uma vida mais ampla, fragmento da vida real, fragmento multiforme, feito de inúmeros acontecimentos que dizem respeito a todos os homens."

"A história da criação do mundo é a história das revoluções e das guerras passadas. Foi por essa razão que pretendi fazer um teatro épico que fizesse compreender isto aos espectadores, o que, sob a ameaça hitleriana, era particularmente importante."

"O destino total do homem não é um destino religioso, nem um destino astrológico, é um destino histórico e podemos corrigí-lo, podemos tomá-lo em mãos. Destino grego sim, mas transposto para Marx, reinscrito na realidade social e política. O problema que se põe ao homem de teatro, é o de revelar ao espectador a sua própria história, a história da sociedade, a história política. E quando digo política estou a pensar na palavra grega polis, isto é, 'coletividade dos cidadãos'. Trata-se em resumo, de evidenciar a ligação entre o macrocosmo (mundo histórico total) e o microcosmo (personagem individual)."

"penso que precisamos de dar à cena as maiores dimensões e a maior multiplicidade possível: tapete rolante, palco giratório, imagens cinematográficas utilizadas como um coro de tragédia antiga... E sobretudo precisamos de utilizar a luz. A luz cria o espaço cênico."

"eu acho que os atores devem ter uma relação direta com o espectador; é isso que evita neles a angústia do buraco negro da sala."

"ideologicamente, Brecht é meu irmão, mas a nossa apreensão da totalidade é diferente. Brecht revela pormenores significativos da vida social, eu tento de preferência mostrar a conjuntura política na sua totalidade."

"Os homens não são bons nem maus. É a melhoria das condições de vida no socialismo que enriquecerá moralmente o homem."

"Penso que a música no teatro deve ser funcional."

"Os atores e os espectadores devem estar unidos numa serenidade que lhes permita participar no mesmo movimento de pensamento, movimento esse que não tem princípio nem fim e que é precisamente o da explicação épica do mundo."

(Extraído de Théatre Populaire, n. 19, 1 de Julho de 1956).

2 comentários:

  1. oxeeee ta com blog e nem me avisa
    baaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaala
    um lugar para troca de pensamentos

    ps: to ligada esse post foi tirado de um fichamento
    " é um destino histórico e podemos corrigí-lo, podemos tomá-lo em mãos" bem adriana esse frase

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  2. ótimo Bárbara, gosto muito do Brecht e o estudo há tempos. Bom conhecer Piscator a partir do seu blog.

    Obrigado.
    Felipe Cirilo
    http://palcodebrincadeiras.blogspot.com

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